O empresário Eike Batista passou menos de duas horas na “masmorra”, como é conhecido o Presídio Ary Franco, carceragem da Polícia Federal no Rio de Janeiro, por causa das suas condições insalubres e da superlotação. Foi transferido para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste, “a fim de que seja resguardada sua integridade física”.
O pedido para a transferência partiu do secretário de Administração Penitenciária (Seap), coronel Erir Ribeiro Costa Filho. “Tal medida se faz necessária uma vez que o Presídio Ary Franco também custodia presos ligados a facções criminosas”, justificou o secretário em ofício ao juiz Marcelo Bretas.
O Ary Franco é considerado um dos piores presídios do sistema carcerário fluminense. Tem celas subterrâneas, infestadas por ratos, baratas e morcegos. No ano passado, o então juiz da Vara de Execuções Penais Eduardo Oberg passou 20 dias em UTI depois de contrair doença transmitida pelo fungo presente nas fezes de morcegos, após uma vistoria ao presídio. O local tem 968 vagas e abriga 2.390 presos. A Organização das Nações Unidas e a Defensoria Pública já recomendaram o fechamento da unidade.
Eike chegou ao Ary Franco por volta das 11h40min, depois de passar por exames no Instituto Médico Legal.
A chegada do empresário interrompeu temporariamente as visitas aos detentos.
Dois ex-detentos, que deixavam o presídio no momento em que Eike chegou, disseram que o ex-bilionário foi encaminhado a uma cela especial, sem vaso sanitário, apenas um buraco no chão. “Não tem comida. A gente dá duas colheradas e a comida acaba. Não tem lanche e o jantar é servido às quatro da tarde. Depois a gente passa fome”, contou Maicon Arraes, libertado após 16 dias de prisão.
Eike deixou o local duas horas depois, com os cabelos raspados. Continuava abraçado ao travesseiro branco com que viajou dos Estados Unidos. De lá, seguiu para o Cadeia Pública Bandeira Stampa, conhecida como Bangu 9, no Complexo Penitenciário de Gericinó.
O local havia sido esvaziado em janeiro para receber milicianos e ex-policiais militares ameaçados por traficantes no presídio Bangu 6.
É das poucas unidades que não enfrentam superlotação: são 547 vagas para 424 presos. Eike ficará numa cela coletiva de 15 metros quadrados, equipada por três beliches. (Da Agência Estado)