Quixeramobim se prepara para celebrar a 21ª edição do evento anual Conselheiro Vivo, em homenagem ao nascimento de Antônio Vicente Mentes Maciel, o Antônio Conselheiro, líder de Canudos. De 07 a 13 de março, pesquisadores, artistas, educadores e público se reúnem para dialogar sobre o papel das artes, da comunicação e da memória na construção de um futuro mais justo e pedindo pelo fortalecimento da democracia.
A cidade se transforma em um palco de cultura e reflexão, com uma semana repleta de atividades. A edição deste ano conta com formações, rodas de conversa, apresentações teatrais, exibições de filmes, shows musicais, cortejo, palestras e muito mais, celebrando a força da cultura como ferramenta de transformação.
“O Conselheiro Vivo é um evento anual, que acontece aqui em Quixeramobim, em que a gente discute sobre o legado de Antônio Conselheiro, as transformações que a nossa sociedade vem passando. Inspirados pelo ideal conselheirista, que a gente possa refletir também sobre a nossa sociedade, sobre as lutas que o povo sertanejo, que o povo nordestino vem enfrentando e pensar possibilidades de transformação social, assim como Antônio Conselheiro fez”, propõe Nayara Ribeiro, presidente da ONG Instituto do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural de Quixeramobim (IPHANAQ).
A abertura oficial do evento acontece dia 07 de março, às 18h30, com apresentações musicais e roda de conversa sobre o tema da edição deste ano. A Roda de Conversa: “Cultura e novas mídias pelo fortalecimento da Democracia” começa às 19h e contará com a presença de Luisa Cela (Secretária da Cultura do Ceará), José Guimarães (Deputado Federal), Renato Freitas (Deputado Estadual) e Larissa Gaspar (Deputada Estadual). Em seguida, quem assume o palco é o Show Sesc Sonoridades com Leonardo de Luna e Forró Briseira.
Cultura e novas mídias pelo fortalecimento da democracia
Em cada edição do Conselheiro Vivo, um tema diferente é abordado, sempre conectado ao legado de Conselheiro e sua contemporaneidade. Em 2025, o debate norteador será “Cultura e novas mídias pelo fortalecimento da democracia”. Em um momento em que a democracia enfrenta desafios e pensamentos antidemocráticos ganham espaço, o evento propõe refletir sobre o poder da cultura e das novas tecnologias para promover justiça social e resistência, valores centrais na luta de Conselheiro.
“A Casa de Antônio Conselheiro, o Instituto Dragão do Mar e o Governo do Ceará, através da Secretaria da Cultura, celebram a realização do evento Conselheiro Vivo como uma das mais importantes agendas que integram durante o ano. Trata-se de uma programação ampla, diversa, que percorre quase a totalidade do município de Quixeramobim, do centro ao sertão, conectada com os desafios atuais do Brasil. Isso fortalece nossa identidade e o sentimento de pertencimento sobre e memória de Antônio Conselheiro e do movimento revolucionário que foi Canudos. Nosso intuito é tornar o evento, cada vez mais, um patrimônio nacional“, afirma Pedro Igor Pimentel, gestor da Casa de Antônio Conselheiro.
Uma ação de diversas instituições
O evento é uma ação coletiva, com uma edição anual, organizada por diversas instituições que juntas fortalecem a cultural local e região: A Casa de Antônio Conselheiro, ; ONG Instituto do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural de Quixeramobim (IPHANAQ); Prefeitura Municipal de Quixeramobim, através da Secretaria de Cultura e Turismo e da Secretária de Educação; SESC Ler Quixeramobim; SEBRAE e Academia Quixeramobiense de Letras, Ciências e Artes (AQUILETRAS). O evento tem apoio institucional da Casa de Saberes Cego Aderaldo; da Câmara Municipal de Quixeramobim; do Centro Cultural Banco do Nordeste; e do Governo Federal. A Casa de Antônio Conselheiro e Casa de Saberes Cego Aderaldo, são espaços do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult Ceará), que integram a Rede Pública de Equipamentos Culturais do Ceará (Rece), geridos em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), localizados no Sertão Central do Ceará.
Antônio Conselheiro
Antônio Vicente Mendes Maciel parte da cidade onde nasceu, Quixeramobim, para se “repartir” com os “desaventurados” sociais, experimentando com eles os lugares de pobreza e miséria, juntando-se na busca de transformar suas vidas com trabalho e orações. Torna-se um peregrino, exercendo a escuta e realizando pregações, construindo igrejas e cemitérios, desencadeando por muitos lugares o que passa a ser o Projeto comunitário de Belo Monte.
Depois de muitas andanças, Conselheiro e seu já numeroso grupo se assentam em Canudos, na Bahia, em 1893. A comunidade cresce rapidamente, pessoas chegando de vários lugares, se tornando a segunda maior cidade da Bahia, com 25 mil habitantes. Cresce ao ponto de incomodar os latifundiários, sofre com ataques de grande parte da imprensa, da Igreja católica e do Governo Federal, desencadeando o massacre que tem à frente o Exército Brasileiro.
O episódio e sua comunidade ganham fama na imprensa da época, também na peculiaridade de se tratar de uma guerra fotografada. A consolidação se dá na escrita monumental de Euclides da Cunha, que cobre a Guerra e em 1902 lança Os sertões, grandiosidade literária também impulsionada como livro-reportagem demarcado no Brasil e no mundo. De lá pra cá, muitas escritas surgem sobre o episódio, na literatura e nas diversas linguagens artísticas, como o cinema, o teatro e a fotografia.
Serviço
Conselheiro Vivo 2025 – 21 anos de resistência e memória
Data: 07 a 13 de março de 2025
Local: Quixeramobim/CE
Programação disponível em (conselheirovivo.com.br)