Neste ano o público terá a oportunidade de assistir a um espetáculo diferente no enceramento do XVI Festejo Ceará Junino, promovido pela Secretaria de Cultura do Ceará (Secult) no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza. Quando o grupo junino Fulô do Sertão, de Senador Pompeu, começar a se apresentar, na noite de amanhã, os espectadores serão surpreendidos com uma homenagem especial a Ariano Suassuna, um dos maiores defensores da cultura nordestina. Os personagens e a cultura típica do Nordeste, enaltecida por ele, recebem a homenagem. O escritor, poeta e dramaturgo paraibano morreu na quarta-feira passada, em Recife.
Coincidentemente, este ano a Fulô do Sertão está apresentando o tema “O Movimento Armorial movimenta o nosso arraial”. A proposta está diretamente associada às obras literárias e ao movimento iniciado por Ariano Suassuna, explica o coordenador cultural da Fundação Santa Terezinha, Glauber Matos. O grupo foi criado há 10 anos no bairro Caracará, em Senador Pompeu, com a finalidade de promover a tradição junina do Sertão Central e preservar o folclore brasileiro. Neste período vários personagens da cultura genuinamente nordestina foram homenageados.
Desafio
A Fulô do Sertão é um dos grupos culturais mantidos pela Fundação Santa Terezinha, uma entidade sem fins lucrativos em atividade neste município do Sertão Central. Segundo o coordenador cultural da Fundação, Glauber Matos, ela está entre as 21 melhores quadrilhas juninas do Estado. Disputa o título de campeã do Festival, iniciado na última quinta-feira, 24, promovido pela Secult. A quadrilha junina de Senador Pompeu pretende conquistar o tetracampeonato. São 41 dançarinos, mais uma equipe de apoio composta por 10 membros.
Para o estilista do espetáculo, Fernanda Skaranze, foi um desafio. Para ele, trabalhar o Movimento Armorial e seus muitos elementos de forma abrangente é bastante complexo. Tiveram que ousar e mudar alguns aspectos típicos dos figurinos da quadrilha. O trabalho em equipe foi fundamental na elaboração deste projeto, juntamente com Alex Ribeiro, Cláudio Magalhães, Fábio Lessa e Nonata Barros, todos envolvidos no trabalho de pesquisa e adaptação.
Eles tiveram a chance de explorar várias visões, entendimentos e leituras do Movimento Armorial. Dessa mistura nasceu a concepção do trabalho, que a Quadrilha Fulô do Sertão apresenta em homenagem a Ariano Suassuna.
Os trabalhos de pesquisa foram iniciados em 2013. O desafio não era pequeno: trazer o Movimento Armorial para dentro da quadra em uma apresentação de 35 minutos. A tarefa se mostrou um tanto complexa e, devido aos prazos e ao fato de que se concentrar em apenas alguma obra não era opção, os planos tiveram que ser adiados para este ano.
Segundo a presidente da Fundação Santa Terezinha, Terezinha Matos, desenvolver cultura no País é uma árdua tarefa, mas quando se faz com amor, compromisso e responsabilidade o resultado sempre é positivo. Ela tem orgulho em apoiar a cultura através, do Ponto de Cultura Estação das Artes, da Quadrilha Fulô do Sertão. Afinal são 17 anos de história, lutas e aprendizado contínuo.
Conforme Glauber Matos, quem estiver interessado pode agendar a apresentação da Fulô do Sertão em teatros, escolas, prefeituras e até nas empresas. A Fundação necessitará apenas do reembolso das despesas com transporte, alimentação para o grupo, e no caso de permanecerem mais dias longe de casa, hospedagem sem custos. Os organizadores agradecem se um cache for incluído no orçamento. No período da Copa do Mundo, se apresentaram no palco da Fifa Fan Fest, no aterro da Praia de Iracema, em Fortaleza. O cache foi pago pela Rede Globo. (Fonte: Jornal Diário do Nordeste / Alex Pimentel – Colaborador)