Cearenses das regiões Centro-Sul e Sertão recomeçam o plantio de milho e feijão após as chuvas que caíram nos últimos dias.
Ainda esperam por boas precipitações nos próximos dois meses.Tempo de recomeçar. Insistir em arar a terra, plantar as sementes e esperar que as chuvas dos últimos dias continuem até maio para que possa colher o milho e o feijão.
Mais adiante, no distrito de Lima Campos, também em Icó, Jussiê Santos, 50, conduz o arado, puxado por um cavalo, preparando o terreno para o feijão. “Aqui não dá milho. Já tentei, mas não chegou nem a embonecar, ficou seco”, justifica só o roçado de feijão.
Seu Jussiê leva o filho Jucinildo e a cachorra Radija para fazer companhia. “Ele (o filho) estuda, faz a terceira série (atual terceiro ano do ensino fundamental) e eu quero é que continue na escola porque ser agricultor é muito difícil. A gente planta, planta e cada ano colhe menos.
Quando não é chuva demais é de menos, mas não podemos é perder a esperança”, diz. Como os dois agricultores de Icó, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Orós, José Flávio Rodrigues, acha que “as últimas chuvas, embora ainda fracas, renovam as esperanças dos cerca de 2.500 trabalhadores rurais do município”.
Ele diz que muitos guardaram sementes próprias de 2009 e vão replantar. Segundo José Flávio, o ano passado foi de prejuízo por causa do excesso hídrico – muitas regiões inundaram e estragaram as plantações de milho, feijão e arroz. “De acordo com a Ematerce (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), tivemos uma perda de safra equivalente a 78% e todos temem que as poucas chuvas previstas este ano, possa interferir novamente na colheita”.
Propostas O coordenador regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece) em Iguatu, Jessé Rodrigues avalia o momento como crítico. “No dia de São José não choveu em todas as regiões e em muitos municípios só caiu um sereno até agora.
Um exemplo é em Pedra Branca. Não dá para o agricultor plantar porque não se configurou a quadra chuvosa”. Segundo ele, houve uma reunião, há duas semanas com os dirigentes da Fetraece e representantes dos sindicatos de trabalhadores rurais para elaborar um documento que será encaminhado ao governo estadual.
“Fizemos várias propostas para amenizar as dificuldades dos agricultores no período de estiagem como a ampliação do programa de construção de cisternas de placas, a disponibilização das áreas irrigadas, um programa de habitação rural, agilizar o projeto da construção de adutoras, entre outros”. Jessé Rodrigues disse que a Fetraece vai agendar uma audiência com o governador Cid Gomes para expor as propostas.
E MAIS– Segundo o agricultor Francisco Souza, 42, no assentamento Cacimba Nova, em Canindé, a situação não é nada boa para os moradores dos mais de 70 assentamentos do município. – “Plantamos nas primeiras chuvas de janeiro, mas o sol que veio nos dias seguintes esturricou o roçado.
Agora é começar tudo de novo”, declara Fausta Alves que mora em São José da Macaoca, distrito de Madalena. – No assentamento 25 de Maio, também em Madalena, a preocupação das famílias é com a criação de gado e ovelhas. As 424 famílias compraram rebanhos por meio de empréstimo bancário.
(Fonte: Jornal O Povo)