Ainda há quem questione se pesquisas influenciam resultados eleitorais. Quem duvida deveria perguntar a quem faz campanha: cabos eleitorais, financiadores, marqueteiros e, claro, candidatos. A resposta é unânime.
Pesquisas influenciam, sim, e muito: no ímpeto da militância, na capacidade de arrecadação dos comitês e, em alguns casos, constroem cenários que agregam maior ou menor prestígio aos candidatos perante os eleitores.
O nível de influência varia em função das condições específicas e de cada momento da disputa. Pode ser superficial. Raramente é decisivo. Mas é sempre um fator que influi no ânimo de quem faz e de quem decide.
Há, basicamente, dois momentos em que se realizam pesquisas eleitorais e cada um requer leitura diferenciada dos números. Entre um momento e outro, vai se reduzindo o espaço que separa tendência e decisão.
O primeiro é o que vemos agora: as pessoas assistem na televisão, leem nos jornais e escutam nas rádios o noticiário político que as influenciam e isso se reflete nas pesquisas. Mas o que se revela aí ainda é pouco consistente.
Tais pesquisas captam percepções fortemente construídas por influência de fatores consolidados: recall, o humor com a economia, preferências partidárias, publicidade governamental e por aí vai.
Na etapa seguinte, com a campanha nas ruas, o debate eleitoral entra na rotina das pessoas. Então, não mais apenas a mídia, mas também os eleitores entre si, sobretudo os mais informados, passam a formar opinião.
Para usar uma metáfora esportiva (mais uma!), o primeiro tipo sonda prognósticos a partir das condições postas até o início da partida. A segunda, já avalia o andamento do jogo, o desempenho efetivo, as prevalências reais.
Um exemplo estatístico: é muito raro que um candidato do PT chegue ao dia da votação com índices menores do que aqueles apontados nas pesquisas realizadas quando seu nome foi colocado ao eleitor. Cresce, quase sempre.
Por que? O partido tem militância mobilizada e eleitores com maior nível de identificação ideológica. Daí, quando “a bola começa a rolar”, o potencial multiplicador deles passa a fazer a diferença. É uma mudança previsível.
No caso da sucessão presidencial, José Serra precisa colocar uma boa vantagem sobre Dilma Rousseff até o início da campanha porque, quando o jogo começar, as brigadas do lulismo farão a tal diferença, não duvidem.
Se aos petistas preocupa a pouca intimidade de sua candidata com o picadeiro eleitoral, para os tucanos o tormento é maior: os petistas estarão pelas ruas durante todo o dia e Lula à noite, na televisão. Todas as noites.
Fonte:Pauta Livre