Tratamento concluído e o melhor: bem pertinho de casa. A técnica em enfermagem aposentada do município de Quixadá, Maria de Lourdes Bezerra, 64, encontrou a 30 km da cidade onde mora, no Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), o tratamento que precisava para tratar o câncer. O serviço completa um ano de atendimento na unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) em Quixeramobim.
Maria descobriu o tumor em uma das mamas no final de 2024 e, ao invés de percorrer quase 300 km com viagens de ida e volta à Fortaleza, foi atendida no HRSC, onde fez cirurgia e as quimioterapias. “Eu pedia a Deus para ficar perto de casa quando fosse fazer meu tratamento”. Sete meses se passaram, da confirmação do câncer até tocar o sino da esperança, no dia 9 de julho. “O tratamento é doloroso, severo. Mas a gente encontra uma força, uma alegria quando está aqui!”, conta.
Inaugurado no dia 15 de julho de 2024, com a presença do governador Elmano de Freitas e da secretária da saúde, Tânia Mara Coelho, o serviço já atendeu a 2.202 pacientes até 11 de julho de 2025. Deste total, 223 já concluíram o tratamento e tocaram o sino, como Maria de Lourdes, que em meio a dor, encontrou no HRSC amparo e acolhimento. “É um hospital onde você não ouve a palavra ‘não’, existe gente que se oferece a ajudar, que se coloca no lugar do outro”, conta emocionada.

Qualidade perto de casa
A regionalização do serviço expande o tratamento especializado e de qualidade ao interior, além de permitir que os usuários consigam ter tudo mais perto, evitando deslocamentos longos e viagens cansativas, especialmente em meio a um tratamento contra o câncer, que naturalmente leva a uma condição física mais debilitada.
Elaine Lima, enfermeira que coordena o serviço de oncologia, explica que a regionalização traz um impacto que vai além da comodidade. “Estar perto de casa torna o tratamento menos doloroso e mais digno e com apoio emocional. Com a oncologia no Sertão Central, o cuidado ganhou um sentido mais próximo, mais acolhedor, mais humano”, pontua.
Só quem já precisou, sabe a diferença que faz ter um serviço de oncologia por perto. Antes, a professora de Tauá, Idelvânia Rosenda, 46, tinha que se deslocar cinco horas de viagem (contando somente ida), para ter acesso ao tratamento contra o câncer que descobriu na mama. Uma semana depois do início dos atendimentos em Quixeramobim, ela passou a ser atendida na região e demora pouco mais de duas horas para chegar.
“O Hospital tem o melhor atendimento que eu já recebi, com muita humanização. Desde a recepção, a técnica que faz meu acesso, as enfermeiras e os médicos nas consultas, me dão muita atenção”, relata. Ela foi uma das primeiras pacientes a passar pelo procedimento nas mamas. Desde sua abertura, a oncologia do HRSC já realizou mais de 1.900 diferentes tipos de procedimentos cirúrgicos.

Experiência que transforma
“Quando a gente toca o sino e olha para trás, a gente consegue ver que transformamos medo em força, em resiliência, e que superamos todas as situações difíceis. Você passa a viver diferente, porque entende que a vida é já, é hoje, e que não pode se limitar a coisas pequenas”, lembra Idelvânia.
A força que vem de quem chega buscando ajuda, também toca e transforma a equipe. O médico coordenador do serviço de oncologia, Leonardo Oliveira, diz que já não é mais o mesmo depois que cruzou pela vida dos inúmeros pacientes que atendeu. “Conheci gente humilde, honesta, cheia de fé, que enfrenta o câncer com uma força que emociona. Atender essas pessoas me fez entender que ser médico vai muito além de receita e exame. É escutar, é acolher, é estar junto, mesmo quando as palavras faltam”, finaliza.