O prefeito eleito de Choró, no Sertão Central, Carlos Alberto Queiroz Pereira, conhecido como Bebeto Queiroz (PSB), se entregou à Polícia Civil nesse sábado, 23. Ele era considerado foragido, mas se apresentou espontaneamente em uma delegacia no bairro José Bonifácio. O atual prefeito do município, Marcondes Jucá (PT), também foi preso na última sexta-feira, 22.
Os dois foram alvos da Operação “Ad Manus”, deflagrada pelo Ministério Público do Ceará. Durante a ação, foram presos e afastados das funções, por 180 dias, o atual prefeito e um servidor da Secretaria de Transporte do município.
A Polícia Civil do Ceará informou que cumpriu um mandado de prisão temporária contra Bebeto Queiroz, que possui antecedentes por porte ilegal de arma de fogo.
Irregularidades
Conforme a decisão judicial, logo no primeiro mês de mandato, em 2017, o prefeito decretou emergência no município e dispensou licitação para contratar um posto de combustíveis com preços muito mais altos que os praticados no mercado. Parte do dinheiro pago à empresa era repassado ao grupo do prefeito. Além disso, o gabinete do prefeito permitia o abastecimento de veículos sem qualquer controle, inclusive carros que não eram da frota municipal.
O servidor preso é apontado como o responsável por operacionalizar o esquema, descartando comprovantes para não identificar quem abastecia. Os valores eram imputados no sistema da prefeitura como sendo de carros do município.
Além do esquema de combustível, o MP aponta que o prefeito Marcondes Jucá arquitetou uma estrutura criminosa para recebimento de propinas de empresas com contratos no município. Parte dessas empresas são de propriedade do prefeito eleito, Bebeto Queiroz, que foi apoiado por Marcondes nas eleições.
Vereadores e servidores beneficiados
Marcondes Jucá também teria montado um esquema de fornecimento ilegal de vantagens para vereadores da cidade, que recebiam dinheiro, combustíveis e outros benefícios irregulares.
Além dos mandados de prisão, foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão nas cidades de Canindé, Choró, Quixadá e Madalena. Diversos beneficiários nos esquemas incluem vereadores, empresários, secretários municipais e outros servidores públicos. Durante as buscas, foram apreendidos celulares, computadores e documentos relacionados aos contratos investigados. A Justiça determinou o encerramento imediato dos contratos da Prefeitura com as empresas alvos da operação e o afastamento, por 180 dias, do prefeito Marcondes Jucá, dos vereadores e dos servidores citados no caso.
Os investigados poderão responder por crimes contra a administração pública, peculato, falsidades material e ideológica, e corrupção passiva e ativa.
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