Para a paciente Maria Meire Barbosa da Silva, 59 anos, o conceito de regionalização da saúde no Ceará, pode ser explicado por uma frase: “É bem melhor fazer o tratamento mais perto de casa”. Moradora de Quixeramobim, ela fazia tratamento oncológico em Fortaleza, mas passou a ser atendida no Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), que fica no mesmo município onde ela reside.
O serviço de oncologia no HRSC foi inaugurado pelo governador Elmano de Freitas e a secretária de saúde, Tânia Mara Coelho, no último dia 15 de julho. Em pouco mais de dois meses, a Unidade já realizou 202 procedimentos cirúrgicos e 340 sessões de quimioterapia. No período, um total de 531 consultas já foram realizadas.
Além da comodidade de ser atendida no mesmo município onde reside, Maria Meire teve no HRSC outro benefício: ela foi a primeira paciente oncológica a receber a quimioterapia com o cateter “port-a-cath”. Esse tipo de cateter é considerado um dos mais modernos, sendo implantado por um cirurgião vascular, garantindo mais proteção e benefício ao paciente no processo de infusão da quimioterapia.
“É ideal para aqueles pacientes que já fazem ‘químio’ há algum tempo, e acabam apresentando dificuldade de acesso nas veias. É um benefício, ele é mais apropriado para realizar o procedimento”, explica o médico oncologista Leonardo Oliveira. Uma equipe do Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ), que já realiza o procedimento, acompanhou o uso do cateter “port-a-cath” no HRSC pela primeira vez, supervisionando todo o processo e garantindo a segurança da paciente.
Satisfação e acolhimento
Meire já fazia o tratamento do câncer em Fortaleza. Depois que veio para o HRSC, onde encontrou novos métodos que lhe garantem mais segurança, além do conforto, ela disse se sentir acolhida. “Antes eu fazia em Fortaleza, era muito cansativo, porque a gente ia de ônibus, aí era ruim. E aqui, quando começou a funcionar, eu me senti acolhida na minha terra”, explica.
Uma das maiores complicações para o paciente oncológico, é o fato de conseguir encontrar o tratamento apenas na Capital, longe de casa. Graças a ação da Sesa, a oncologia tem sido uma política de saúde descentralizada, permitindo aos moradores do interior do Ceará, serem atendidos na sua mesma região de origem, uma ação que Leonardo Oliveira enxerga nos olhos de cada paciente que passa pelo serviço.
“Temos essa percepção da alegria da população, por poder trazer para cá um paciente que poderia ainda estar numa fila, esperando uma vaga, e estamos aqui antecipando essa trajetória do paciente. Esses dois meses, foram muito proveitosos, tando do ponto de vista funcional, pela quantidade de serviços que entregamos, como pela satisfação do nosso paciente”, pontua o médico.
Oito anos
O HRSC completa oito anos de serviços à população do sertão, nesta quinta-feira (26). Fundada em 2016, a unidade fortalece as políticas de regionalização em saúde e está disponível para mais de 600 mil moradores de 20 municípios. Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Clínica Médica e Unidade de Cuidados Especiais (UCE), foram os primeiros serviços oferecidos na unidade.
Hoje, o HRSC se tornou referência na experiência do paciente, sendo o primeiro hospital público da América Latina a ter um título de reconhecimento internacional pela qualidade dos seus serviços. Atualmente, opera com 100% de sua capacidade, após a abertura dos serviços de Oncologia, e de Urgência e Emergência em Politrauma, inaugurados esse ano.