O risco de proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya, aumenta com o calor e a chegada do período chuvoso no Ceará. Por isso, as arboviroses continuam sendo um desafio para a saúde pública, principalmente no primeiro semestre do ano, com o cenário de dias quentes e com precipitações na região. Embora o cenário, no momento, não seja de alerta e números altos, como no restante do país, especialistas da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) orientam sobre sintomas e formas de combate ao mosquito.
O secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Silva Lima Neto (Tanta), explica que a doença pode ser classificada dengue, dengue com sinais de alarme e dengue grave, com sintomas clínicos que incluem dores musculares, febre, mal-estar, moleza, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. “Nos casos graves, em geral os pacientes apresentam dores abdominais intensas, vômitos ou sangramento de mucosa”, complementa.
Após indicativos de infecção, a recomendação é procurar uma unidade de saúde mais próxima de casa. “O profissional de saúde é quem irá investigar e classificar o quadro clínico de acordo com o protocolo definido pelo Ministério da Saúde”, explica Tanta.
Foi o que aconteceu com Alana Cajazeiras (38), há quatro anos. “Eu tive febre, moleza e muitas dores no corpo e na cabeça. Me sentia sem energia, sem apetite. Já tive dengue três vezes, e a última foi a pior de todas. Os sintomas se manifestaram de forma bem intensa e eu precisei procurar uma emergência. Fui medicada para a dor e fiz o teste para confirmar o quadro clínico. O tratamento foi repouso e hidratação”, conta.
“Depois desse episódio, eu fiquei mais vigilante com relação ao mosquito. Precisamos evitar o acúmulo de água, mesmo em períodos sem chuvas. Não dá para relaxar com os criadouros. Além disso, eu também costumo usar os repelentes elétricos para ajudar no combate ao Aedes aegypti”, relata.
Esses cuidados diários servem para evitar a infestação de mosquitos e com isto reduzir o risco de transmissão da doença. “As pessoas possuem autonomia para procurar e eliminar os criadouros domésticos, evitando acúmulo de água em depósitos desprotegidos. A redução das infestações impacta diretamente na diminuição dos casos de arboviroses”, detalha a coordenadora de Vigilância Epidemiológica e Prevenção em Saúde (Covep) da Sesa, Ana Cabral.
Fatores climáticos
As condições climáticas possuem relação com a transmissão da dengue, zika e chikungunya. Ana Cabral conta que quando um território apresenta um cenário de chuvas e elevação das temperaturas, típico de um clima tropical, o ambiente se torna mais propício para proliferação do mosquito transmissor. “A sazonalidade das arboviroses ocorre no primeiro semestre, logo a maior proporção de casos ocorre neste período. Apesar das condições climáticas, é possível ter registros de casos durante todo o ano”, comenta.
“A dengue é uma doença endêmica no Ceará, com a circulação de dois sorotipos predominantes (DENV1 e DENV2). Por isso, a Sesa permanece monitorando o cenário, mesmo em tempos de baixa transmissão, para orientar medidas necessárias como a emissão de cartas de alertas aos municípios com altas incidências, promoção de reuniões estratégicas para o controle da doença, entre outras ações”, elenca.
Números
Os dados referentes a casos de arboviroses no Ceará já estão disponíveis para a consulta da população no sistema IntegraSUS, da Sesa. Confira o link aqui. Os casos de dengue registrados no ano passado (14.066 confirmados) apontam para uma redução de 64,6% em relação ao ano de 2022 (39.764). Ainda segundo os dados do IntegraSUS desta segunda-feira (26), foram notificados 3.146 casos de dengue no Ceará, com 384 confirmações.
“A diminuição dos casos é promissora. Evidentemente, por estarmos em fevereiro, não podemos comemorar ainda. Temos poucas chuvas e uma infestação baixa. O cenário eventualmente pode mudar. O Nordeste tem uma convivência longa com a infestação dos sorotipos mais comuns no País. Podemos ter surtos localizados, mas esperamos números de casos menores do que os de outros Estados que apresentam grandes epidemias”, finaliza o epidemiologista e secretário executivo, Antonio Silva Lima Neto (Tanta).