O Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) em Quixeramobim, alcançou a marca de 500 trombólises. O procedimento pode salvar o paciente da morte e de sequelas graves decorrentes de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O serviço já funciona há cinco anos, contribuindo para a regionalização da saúde por meio da oferta de atendimento aos 20 municípios da região.
O AVC isquêmico, tipo mais comum, acontece quando um coágulo se forma em uma artéria da região cerebral. A pressão pode ser tão grande que a artéria se rompe, causando uma hemorragia. A trombólise é o procedimento que consiste na aplicação do medicamento que desfaz o coágulo e permite que o sangue volte a circular pela artéria.
O procedimento de número 500 foi realizado no agricultor José Valdisio Lopes, 59 anos, proveniente de Banabuiú. Em janeiro deste ano, enquanto estava trabalhando, ficou sem conseguir falar e sentiu a boca puxada para o canto. Valdisio foi levado ao hospital do município e de lá, foi regulado ao HRSC onde recebeu o trombolítico. “Eu cheguei numa quarta-feira sem falar nem andar. Na quinta, eu já estava andando de novo! Eu digo direto: graças a Deus fui muito bem atendido”, relata.
Para garantir a administração do trombolítico, o tempo contado do primeiro atendimento até o paciente chegar à unidade de saúde, não pode passar de quatro horas e meia, período que os especialistas chamam de “janela”. É o que explica o neurologista do HRSC, Alan Cidrão. “Os pacientes que chegam em ‘janela’ saem com menos sequela ou sem sequela nenhuma. Ele precisa ser atendido nesse tempo porque vai fazer exames de imagem, e então saber se vai poder receber o trombolítico”, diz.
Qualidade no atendimento
A qualidade do serviço oferecido aos pacientes com AVC no HRSC é reconhecida mundialmente através de 17 certificações do Projeto Angels Awards. Essa qualidade pode ser medida por vários indicadores, como o chamado tempo de porta-agulha, contado para o início do atendimento assim que um paciente chega ao hospital. A média mundial é de até 60 minutos, mas no HRSC esse tempo médio é de 20. Em alguns casos, houve pacientes atendidos em até cinco minutos. Como resultado destes processos, o número de mortes por AVC na região caiu 23%, desde quando a unidade foi inaugurada, em 2018.
Para Alan Cidrão o número de procedimentos já realizados é expressivo. “Ele representa um avanço e traduz uma melhora na assistência. Temos feito vários treinamentos para que a identificação do AVC seja mais célere, e essa crescente significa um maior entendimento do que é o AVC na região, porque não apenas nós precisamos conhecer o tratamento, mas o paciente precisa chegar aqui de maneira adequada”, pontua.
Alguns dos principais sinais que indicam um AVC são dificuldade de falar, dormência em um lado do corpo e dificuldade de andar ou levantar um dos braços, perda de parte da visão, confusão mental repentina e desvio da rima labial (boca torta). Tanto a família de Valdisio Lopes como o hospital em Banabuiú onde ele foi atendido primeiro, souberam reconhecer esses sintomas e agiram rápido. Graças a isso, o atendimento foi ágil e hoje o agricultor está em casa, sem sequelas. “Pessoal aí é uma capacidade, tanto faz ser o doutor como o enfermeiro”, afirma.
Tratamento regionalizado
O Hospital Regional Norte (HRN), unidade da Sesa em Sobral, também conta com uma unidade de AVC, que celebrou um ano de abertura em outubro do ano passado. Até este mês de fevereiro, a unidade atendeu mais de 700 pacientes e realizou 114 trombólises.
O Hospital Reginal do Cariri HRC) possui emergência que funciona 24 horas todos os dias da semana, com atendimento específico voltado para os pacientes com AVC também com acesso ao trombolítico, que diminuiu a mortalidade e a morbidade de pacientes que têm AVC na fase adulta. Há, ainda, unidade de AVC onde é possível que o paciente tenha acesso a especialistas na doença e serviço de reabilitação multidisciplinar.