Neste domingo, 4, a Casa de Antônio Conselheiro, em Quixeramobim, reabre com uma nova exposição: Bestiário Nordestino. A mostra, que está na sua 8ª edição, propõe lançar um olhar sobre o universo fantástico de artistas nordestinos que compõem o acervo do Bestiário Nordestino, bem como uma “costura” desse imaginário com Antônio
Conselheiro na visão de dois Mestres artistas, Descartes Gadelha e Abraão Batista.
Essa edição inicia-se com a apresentação do acervo do Bestiário Nordestino, resultado da pesquisa-viagem “Oco do Mundo”. São obras dos gravadores: Abraão Batista (Juazeiro/CE), Adriano Brito (Crato/CE), Amaro Borges (Bezerros/PE), Antônio Cardim (Olinda/PE), Antônio Lino (Juazeiro/CE), Carlos Henrique (Crato/CE), Carlus Campos (Fortaleza/CE), Damásio Paulo (Juazeiro/CE), Dila (Caruaru/PE), Francorli (Juazeiro do Norte/CE), Francisco de Almeida (Fortaleza/CE), Guto Bitu (Crato/CE), J. Borges (Bezerros/PE), José Costa Leite (Condado/PB), Justino P. Bandeira (Juazeiro/CE), Lourenço Gouveia (Recife/PE), Maurício Costa (Recife/PE), Nilo (Juazeiro do Norte/CE), Rafael Limaverde (Fortaleza/CE), Stênio Diniz (Juazeiro/CE) e Walderêdo Gonçalves (Juazeiro/CE). Serão expostos também cordéis que têm o fantástico como temática, além de uma obra cinética.
A exposição também apresenta “O inverso do mundo”, um alargamento desse olhar rumo ao fantástico para além da gravura, com exibição de quatro registros em vídeo trazendo a magia dos caretas e caboclos, as criaturas fantásticas de mestre Noza, Extraterrestre, Jaraguás, seres encantados que invertem a realidade, criam tempos e espaços próprios. É a cultura reinventando um outro Sertão.
O espaço seguinte contará com duas instalações. A primeira localizada na parte inferior da escada, onde serão colocados alto falantes reproduzindo cordéis recitados que tratam sobre o tema. A segunda instalação fará uma alusão à “alma bode”, a visagem que o avô do artista e arquiteto Fausto Nilo – que também foi morador da casa – relatava: será projetada a imagem de um bode descendo a escada.
O beato Antônio Conselheiro acreditava que a República acabaria com os costumes defendidos por ele e pela Igreja. Dizia que “para obter a verdadeira felicidade, é necessário que se faça a Sua divina vontade, combatendo o demônio que quer acabar com a fé da igreja”. Esse antagonismo é representado em três obras (pintura a óleo) do artista Descartes Gadelha (Fortaleza/CE) que farão parte da exposição, cedidas pelo acervo do MAUC.
Para finalizar, no corredor lateral serão expostas reproduções das obras de Abraão Batista, presentes no Memorial Antônio Conselheiro. Abraão vale-se de monstros e demônios representando o mal combatido pelo Beato Conselheiro.
Curadoria da exposição Bestiário Nordestino
Rafael Limaverde – Nascido em Belém/PA, 1976, naturalizado cearense, formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), xilogravurista e ilustrador. Pesquisa atualmente desenhos, pinturas, gravuras e assemblages, tendo como referência a cosmovisão religiosa, tanto litúrgica (sacralizada pela igreja) como a para-litúrgica (sacralizada pela religiosidade popular), bem como o imaginário fantástico, bestial, grotesco. Baseia seu trabalho na simbologia, no imaginário, na história, nos objetos, templos e rituais que compõem a experiência sagrada e profana da transcendência humana.
Marquinhos Abu – Nascido em Fortaleza, grafiteiro, pesquisador, facilitador de oficinas de intervenção urbana, graduando em Licenciatura em Artes Visuais IFCE, membro do Coletivo Aparecidos Políticos. Participou de diversas exposições como Salão de Abril, Coletiva Heteróclito na Fa7, Conter – Sobrado José Lourenço e CCBNB.
Site: http://www.bestiarionordestino.art.br/
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