O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) abriu uma sindicância para investigar o caso da adolescente de 15 anos que passou nove meses esperando ter gêmeos, mas recebeu apenas um bebê após o parto. Nesta sexta-feira (13), a menor de idade e a mãe dela, a empregada doméstica Daniela Santos, prestaram depoimento à Polícia Civil, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. (Veja vídeo acima)
As duas médicas que fizeram exames de ultrassom na jovem também depuseram. O Cremepe informou que não recebeu denúncia oficial, mas que tomou conhecimento do caso a partir da matéria publicada pelo G1, na quinta-feira (12), e que, por isso, abriu uma sindicância “ex-offício”, para investigar o ocorrido. O presidente do órgão, Mário Fernando Lins, afirmou que, em 40 anos de medicina, nunca viu um caso semelhante.
“Tenho quatro décadas de formado e nunca vi um caso desses. É inusitado. Vamos pedir explicações às ultrassonografistas e a quem participou do parto, bem como à família do bebê. Esse processo envolve a análise de prontuário médico e outros documentos, que serão analisados por um relator sindicante e, depois, por uma Câmara Técnica, que envolve sete ou oito médicos”, explica o presidente.
Mário Fernando Lins afirma, ainda, que o prazo máximo para a conclusão do processo é cinco anos. “Entretanto, normalmente, isso é finalizado em três anos, no máximo. Se houver indícios de infração ao código de ética, será feito um julgamento. Mesmo se não houver, cabe recurso ao conselho federal, de qualquer das partes”, diz Mário Fernando Lins.
O parto foi realizado no Hospital Guararapes. A família da adolescente, que não teve o nome divulgado, achava que ela estava grávida de gêmeos porque dois exames de ultrassom, feitos em clínicas diferentes e enviados à reportagem pelos parentes da menor, atestam “gravidez gemelar.
Além disso, nos exames de pré-natal, as médicas diziam ter escutado batimentos cardíacos de duas crianças, segundo relatos da mãe da menor. No sábado (7), no Hospital Guararapes, após a cesariana, os médicos disseram aos familiares da garota que havia apenas uma criança.
A mãe da jovem também disse que não conseguiu entrar com a adolescente na sala de parto por cerca de 30 minutos, porque estava esperando a chegada de uma segunda pediatra e de uma roupa de proteção para evitar contaminações no ambiente cirúrgico. Ela diz que, ao entrar no local, a adolescente já estava anestesiada e que o procedimento já tinha começado. (Do G1)