Alvoroço no maior hospital de Fortaleza. Por volta das 17 horas de ontem, um incêndio atingiu o Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro, deixando o prédio sem energia elétrica. Dois caminhões do Corpo de Bombeiros chegaram rapidamente e debelaram as chamas, mas a confusão persistiu por várias horas.
De acordo com funcionários da Coelce que estiveram no local, o fogo foi causado por um curto-circuito no gerador instalado no subsolo do hospital. A fumaça espalhou-se pelos dois primeiros andares, levando desespero a funcionários, pacientes e seus familiares. Em pânico, eles correram para o exterior do prédio. Os pacientes da emergência foram transferidos para o pátio da recepão, que ficou lotado de homens e mulheres em macas, recebendo soro e outros cuidados. A cena lembrava um acampamento de feridos em zona de guerra.
Sem informação
A entrada do IJF foi fechada com barreiras e vigiada por guardas municipais. Na rua, dezenas de pessoas esperavam informações sobre o estado dos pacientes e o restabelecimento da energia. A dona de casa Francisca Rodrigues, 61 anos, aguardava notícias do cunhado, atropelado por um carro em Sobral e enviado ao IJF para fazer exames na bacia, quebrada no acidente. “Ele tá ali atrás (apontando para um canto do pátio), não sei até quando. Ninguém sabe de nada”. Quando a fumaça entrou no 1º andar, Francisca tentou puxar a maca com seu cunhado para fora do prédio, sem sucesso. “Foi uma correria danada, ficou tudo escuro, todo mundo correu ao mesmo tempo, gritando”.
Erineide Lima, dona de casa, havia acabado de chegar ao IJF com a filha de dois anos, quando teve início a confusão. A menina sofrera uma convulsão, e mãe e filha vinham do Hospital Infantil. A mulher estava desconsolada: “Foi muito azar. E agora, o que eu faço? Ela pediu dinheiro para o ônibus a uma senhora e voltou para casa, com a filha pequena nos braços. Um rapaz que estava dentro do hospital alertava que pessoas estavam presas nos elevadores.
Colaboração
Por volta das 18 horas, o médico Jonas Araújo, da emergência, falou aos repórteres e pediu a colaboração de outras unidades de saúde do Estado: “Em vista da situação faço um apelo aos hospitais do Ceará: não transfiram pacientes para o IJF”. Segundo Araújo, àquela altura estava sendo cogitada a transferência de pacientes em estado mais grave para outros hospitais.
“Isso aí é abandono, descaso, falta de compromisso”. A reclamação é de Plácido Filho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço de Saúde de Fortaleza (SINTSAF). Ele afirma que a explosão do gerador é resultado da falta de manutenção dos equipamentos do IJF. E amplia a crítica: “Três UTIs estão com o ar-condicionado quebrado. Ambiente hospitalar precisa ser frio. Como é que os médicos podem trabalhar desse jeito?”
Enquanto equipes da Coelce instalavam um novo gerador no hospital, agentes da Ettusa isolavam o quarteirão do IJF. O tráfego de veículos foi desviado nas ruas Major Facundo e Floriano Peixoto, provocando grande congestionamento na região.
(Fonte: Jornal O Estado)