No interrogatório de quinta-feira, o casal alegou inocência. Chorou e fez acusações contra a polícia.
A sentença deve ser anunciada à noite. O Brasil vai conhecer a decisão dos jurados. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá são culpados ou inocentes? O dia é de debates no Fórum de Santana, em São Paulo.
O debate entre acusação e defesa promete ser acirrado. O clima entre o promotor e o advogado de defesa é cada vez mais tenso. Na quinta-feira, o promotor Francisco Cembranelli chegou a ser irônico em algumas perguntas e provocou protestos do advogado de defesa.
Hoje é o dia final desse julgamento, um dos mais comentados da história jurídica do país. A movimentação é grande em frente ao fórum.
Nem a tempestade que atingiu São Paulo no meio da tarde tirou o público da frente do fórum, que ficou até o final do quarto dia de julgamento. Vaiou o carro com os advogados de defesa do casal Nardoni e aplaudiu o promotor Francisco Cembranelli.
Foi o dia mais tenso no tribunal. Alexandre Nardoni e Anna Jatobá foram interrogados.
“Minha orientação e a única orientação que eu dei para os dois foi: vão ali e digam a verdade, porque não vamos ganhar esse júri tapando o sol com a peneira. Não temos chance. A chance é pequena, e se tiver, é falando a verdade”, contou o advogado de defesa Roberto Podval.
O casal chorou várias vezes diante do júri. Ela não assistiu ao depoimento dele, que foi o primeiro a falar.
Alexandre disse que a polícia tentou convencê-lo a assumir o crime. Ele seria indiciado por homicídio culposo, em que não há a intenção de matar e a mulher seria inocentada. O promotor perguntou por que Alexandre não denunciou a suposta tentativa de acordo. O réu respondeu que tinha medo de represálias, que o pai foi ameaçado de morte e que uma bomba explodiu na caixa de correio de um dos advogados.
Anna Jatobá, na presença de Alexandre, que pôde assistir ao interrogatório, contou ter sido maltratada por investigadores, antes de ser presa. Afirmou que, quando voltou ao apartamento, durante o trabalho da polícia, encontrou a cozinha toda bagunçada – apesar de ter deixado apenas a louça suja do almoço. Segundo Anna Jatobá, a delegada Renata Pontes falou, no apartamento, que Alexandre Nardoni era um psicopata – e que um investigador chamado Téo queria que ela dissesse que Alexandre “tinha feito aquele horror”.
Alexandre afirmou no interrogatório que, no dia da morte de Isabella, passeou com a família. Na volta, as crianças adormeceram no carro e não houve nenhuma discussão entre o casal. Disse que carregou Isabella no colo até o apartamento, colocou a menina na cama, fechou a porta e foi buscar os outros filhos na garagem.
Quando voltou, Isabella não estava mais lá e a tela de proteção da janela do outro quarto estava rasgada. Alexandre disse que, com um dos filhos no colo, ajoelhou-se na cama e encostou na tela para conseguir enxergar o jardim, onde viu Isabella caída.
Anna Jatobá confirmou a versão do marido e disse que também subiu na cama para ver Isabella caída no jardim. Afirmou que a fralda encontrada no balde foi usada para dar mamadeira ao filho – e não para limpar manchas de sangue de Isabella.
Questionado sobre o porquê de não ter chamado o resgate imediatamente, o casal disse que a primeira reação foi de ligar para os pais – um costume da família quando acontecia algum problema.
O juiz perguntou se Alexandre Nardoni percebeu algum sinal de arrombamento na porta do apartamento, e o réu respondeu que não. Ao promotor, afirmou não se lembrar de ter dito que uma terceira pessoa teria entrado no apartamento e matado Isabella – mas sim que um ladrão poderia ter entrado no prédio.
Tanto Alexandre quanto Anna Jatobá negaram ter matado Isabella. “Eu não tenho como explicar quem é a terceira pessoa, como ela entrou, o que ela fez, como ela agiu. Eu não tenho”, admitiu Roberto Podval.
Nesta sexta-feira, a partir das 9h, começa a fase de debates. Primeiro será a acusação. Depois a defesa. Se a promotoria quiser terá direito a réplica. Automaticamente os advogados terão direito a tréplica. A previsão é que os jurados tomem uma decisão no fim da noite.
O promotor Francisco Cembranelli não quis falar com os jornalistas na saída do fórum. A defesa desistiu de fazer uma acareação entre a mãe de Isabella e os réus. Ana Carolina de Oliveira estava isolada numa sala do fórum e se sentiu mal. Ela foi examinada por um psiquiatra que disse que ela estava à beira de uma crise de estresse. Ela deve voltar ao fórum para acompanhar o final do julgamento.
(Fonte: g1.globo.com)