Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostram que o engasgo é a terceira causa de mortes por acidentes com crianças no Brasil. De olho nos riscos que esse episódio traz, o Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), deu início a um projeto que vai orientar a mães, familiares e equipes de saúde, sobre como agir e prevenir casos de engasgos.
O “Prevenção que Acolhe”, nome dado ao projeto, busca fortalecer a rede de cuidado materno-infantil, capacitando os profissionais envolvidos e dando orientação às mães e familiares sobre manobras de desengasgo em situações de urgência. A iniciativa, pioneira na região, nasce a partir do crescimento do número de episódios de engasgos na região, que podem levar à morte.
O projeto teve início em Quixeramobim. A enfermeira Katylla Queiroz, que idealizou o projeto, e o bombeiro civil do HRSC, Júnior Rodrigues, que também é socorrista do Samu 192 Ceará, vão visitar também as unidades básicas de saúde levando orientações aos profissionais e usuários, e ensinando as manobras de salvamento. As secretarias de saúde dos outros 19 municípios da região vão enviar as equipes para serem treinadas no próprio hospital.
A enfermeira afirma que o objetivo é reduzir os riscos e otimizar as chances de salvamento a partir da orientação adequada. “É um momento que exige resposta imediata e conhecimento técnico por parte do cuidador. Muitas vezes, mães, familiares e os profissionais não dominam as manobras corretas, o que pode resultar em agravamento clínico ou óbito evitável”, explica a enfermeira.
Katylla viveu na pele a aflição que uma situação de engasgo pode trazer. O filho dela, que nasceu prematuro de 32 semanas e com 1,3 kg, se engasgou com saliva no dia em que chegou em casa, depois de receber alta. Mesmo sendo profissional de saúde, a carga de sentimentos envolvida na maternidade levou Katylla ao desespero e ela precisou de ajuda para desobstruir as vias respiratórias de Theo. Agora, a enfermeira toma como exemplo a própria vivência para alertar às demais mães na região.
“O Projeto representa um compromisso com a vida e a humanização do cuidado. O que estamos visando é a redução de riscos e principalmente salvar vidas, além de fortalecer laços entre hospital, unidades de saúde e comunidade, fazendo da prevenção uma prática de acolhimento e proteção”, complementa.
Veja o que fazer em caso de engasgo: