O professor Marum Simão, um dos mais significativos pesquisadores sobre a história e a memória de Quixeramobim, morreu nesta terça-feira, 11, aos 89 anos, em Fortaleza. Ele enfrentava problemas de saúde e estava internado em uma unidade hospitalar em Fortaleza.
O professor, que também foi secretário de Educação de Quixeramobim e chegou a coordenar o que hoje seria a CREDE 12, ficou bastante conhecido além dos limites de Quixeramobim a partir de 1996, quando lançou o livro “Quixeramobim Recompondo a História”, que narrava fatos, registrava espaços, momentos e pessoas. O livro é utilizado até hoje como fonte bibliográfica para assuntos relacionados a historiografia da cidade.
Para o escritor Bruno Paulino, o livro de Marum é considerado a ‘bíblia da história da cidade’:
"O livro é uma espécie de bíblia da história da cidade. Quem quiser se aventurar no campo da pesquisa - não apenas de história -, tendo Quixeramobim como foco, terá que inevitavelmente se aventurar por ele. É um trabalho de fôlego, com muitas fontes, vasta bibliografia e levantamento de documentos, escrito com método apurado e competência".
Membro fundador da AQUILetras
Marum foi um dos fundadores da Academia de Letras, Ciências e Artes – AQUILetras. Para Cláudio Oliveira, presidente da instituição, a atuação de Marum foi imensurável, tendo sido o primeiro Diretor de Pesquisas Científicas, Geografia e História da academia: “A contribuição de Marum Simão é imensurável, a começar pela própria fundação do colegiado de intelectuais, ideia levada a cabo por ele e pelo professor João Bosco Fernandes Mendes, concretizada em 2015. Como membro-fundador, Marum Simão foi o primeiro Diretor de Pesquisas Científicas, Geografia e História da academia, sendo João Bosco Fernandes o primeiro presidente”, lembrou.
"A academia não é apenas um colegiado das forças intelectuais de um lugar. Reconhecer e premiar os saberes individuais, selando essa constatação com o título de 'imortal', faz parte do protocolo. No entanto, seu papel vai para além disso: é uma chama viva que estimula novos pensadores. Se é verdade que 'o exemplo arrasta', Marum arrastou os mais de trinta acadêmicos desta AQUILetras, e arrasta, por meio de suas obras, quase todas esgotadas em tiragem, mas inesgotáveis no tempo, novos educadores, memorialistas pesquisadores, e, acima de tudo, novos cidadãos, interessados em entender o contexto que lhes constitui no mundo. Dito isso, podemos concluir que Marum Simão não é, tão somente, um fundador da academia; ELE É A ACADEMIA, por assim dizer, logo, fez do saber e da disseminação dele, a sua missão maior de vida"
Segundo Gabrielly Frutuoso, radialista e integrante da academia, falar do legado de Marum Simão seria redundante. “O próprio Marum é um legado. Uma vida dedicada a documentar sua terra-mãe, sendo o livro ‘Quixeramobim – Recompondo A História’, de 1996, o portal para todo aquele que deseja entender o Quixeramobim, sob seus aspectos culturais, econômicos, históricos, geográficos e sociais, pesquisa esta que se desdobrou em outras obras de igual importância”, destaca. Ela prossegue: “tive contato com a publicação ainda na adolescência, quando fui tomada pelo mesmo ardor memorialista que Marum Simão cultivou por toda a vida”, finalizou.
"Rezar, estudar, dançar, amar... Não quero fazer rima, porque isso é com os poetas. Só quero falar das coisas que eu aprendi a gostar por influência do tio Marum. Destaco aqui o inesgotável gosto pelo estudo, pelo aprender sempre mais, principalmente quando o tema é Quixeramobim, cidade que ele tanto ama. Com ele aprendi a gostar de ler, a ter orgulho de ser de Quixeramobim, a honrar a família e a crer em Deus. Sou a sobrinha mais velha, éramos vizinhos e eu estava sempre em volta dele e do tio Moacir, que atendiam todos os meus desejos de criança. Fui sua aluna no CEDAF e trabalhei com ele na CREDE 01 (Fortaleza). Ele é meu compadre (padrinho da Laila) e um tio muito querido. Sua bênção, tio Marum".
Conheça a trajetória de Marum Simão
Filho de José Simão Abu Marrul e de Maria Alice Simão, nasceu em Quixeramobim em 18 de maio de 1934.
Professor com diversas graduações. Foi diretor do antigo Colégio Estadual Dr. Andrade Furtado – Quixeramobim e também Delegado Regional da Educação, o que seria hoje a CREDE 12, sediada em Quixadá; Diretor do Departamento de Apoio Administrativo da Secretaria de Educação, Cultura e Desporto – Maracanaú; Secretário Municipal de Educação, Cultura, Desporto e Turismo – Quixeramobim; e Assessor Especial da Secretaria da Educação, Cultura e Desporto – Madalena.
Recebeu a medalha Antônio Conselheiro, outorgada pela Prefeitura Municipal de Quixeramobim. Foi sócio–amigo do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, Sócio efetivo da Sociedade Cearense de Geografia e História, Membro da Associação Cearense de Escritores e Acadêmico Fundador da Academia Quixeramobiense de Letras, Ciências e Artes (Aquiletras).
Em 1996, professor Marum escreve “Quixeramobim Recompondo a História”, livro que ainda hoje é utilizado como fonte bibliográfica para assuntos relacionados a historiografia de Quixeramobim. Ele também é autor de outros importantes livros, como: Centenário de “Os Sertões” – 2002 (Opúsculo); Três Vultos Idênticos: Pe. Ibiapina, Antônio Conselheiro e Pe. José van Esch – 2005 (Opúsculo); Caminhada Histórica em Busca do Ensino Superior para Quixeramobim – 2006 (Opúsculo); Influência Histórica da Igreja nos Costumes e Valores Locais, com Enfoque em Quixeramobim. (In. Rev. Sociedade Cearense de Geografia e História – 2008-2009); Cartilha Quixeramobim nas Escolas – Aspectos Históricos e Geográficos – 2009 (em parceria); Madalena Reconstituindo a História (2010); Civilização do Couro e a História do Boi O Rabicho da Geralda (2014).