Com o título acima, acompanhe o editorial do Repórter Ceará:
A novela dos conjuntos habitacionais de Quixeramobim, com residências erguidas através de recursos do Programa Minha Casa, Minha Vida do Governo Federal, foi iniciada em 25 de março de 2017, com a ocupação de casas do Jardim Norte I por moradores do Acampamento Irmã Teresa, que estavam insatisfeitos por passarem, à época, seis anos esperando pela entrega de um teto para morar.
De lá para cá, inúmeros acontecimentos relacionados a estes conjuntos rodearam a Prefeitura de Quixeramobim, especialmente, com relação ao habitacional Jardim Norte I.
Em 24 de novembro de 2017, moradores deste conjunto reivindicaram a implantação de energia elétrica e fornecimento de água. Na ocasião, o prefeito de Quixeramobim, Clébio Pavone, se mostrou pronto para resolver tais problemas, contudo, durante a 12ª sessão ordinária da Câmara dos Vereadores deste ano, mais um capítulo voltou a se desenrolar acerca do tema.
Conforme apresentado pelo vereador Zé Wilson, que estava ao lado de um dos moradores do habitacional, um abaixo-assinado com 445 assinaturas, tratava sobre a taxa de iluminação pública cobrada no local que, em média, chega a R$ 20,00 por família. Contudo, como pagar por uma taxa de um serviço essencial que não é utilizado?
A questão se estende para um campo racional e simples, traduzido nas palavras do presidente do Legislativo municipal, François Saldanha: “Ou o secretário de Governo providencia a iluminação pública ou ele autoriza a ENEL a retirar a taxa”.
O tema, novamente abordado pelo paladar dos políticos locais, relembra mais um dos compromissos não executados pelo gestor municipal que, diga-se de passagem, fez inúmeras promessas em seu palanque de campanha, e não executou boa parte delas, ou quase nenhuma. Aliás, outra questão: Se, em média, são pagos R$ 20,00 por cada uma das 445 famílias, o montante final será de R$ 8.900,00. Então, para onde vai este dinheiro?
Consoante a esta dúvida, está também o dia da entrega oficial das casas que, até agora, é uma incógnita e pelo andar da carruagem da gestão municipal, que recebe críticas constantes, não terá uma solução matemática que possa resolver, tão breve, este problema. Vale ressaltar que, em capítulo anterior da trama, ocorrido no dia 18 de agosto deste ano, foi realizado o sorteio de quem iria ocupar definitivamente as residências, incluindo as do outro conjunto ocupado posteriormente: O Edminilson Duarte de Lima. Contudo, outro problema foi ocasionado: Como iria ficar a situação dos moradores que estavam nas casas e teriam que ceder para pessoas sorteadas?
A falta de planejamento acarreta a desorganização. Apontando tais dúvidas como consequências de ações mal pensadas, é difícil raciocinar uma resposta plausível para tais problemas, originados de soluções de outras problemáticas. Não se trata de luxo, muito menos do famoso ‘mimimi’. É uma questão de serviços essenciais obrigatórios que garantam uma vida digna a quem não tem a certeza de possuir uma residência para morar no dia seguinte.
Dito isso, e lembrando um pouco do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), onde, na redação, se devem apontar fatos e apresentar intervenções de possível execução, está na hora da Prefeitura de Quixeramobim sair das paredes de concreto do prédio e intervir nos problemas enfrentados pela população de forma mais contundente. Um governo deve existir para intermediar conflitos e, através da Política, trazer benefícios para a sociedade.
Não é aparecendo durante o período de eleições e criticando emissoras de rádios, que as situações precárias do Jardim Norte I e Edmilson Duarte de Lima irão se resolver. É preciso reunir a equipe, analisar recursos e planejar ações que tragam o bem-estar da população. Mas isso, a gestão municipal já sabe, contudo, pelo dito popular, deixa entrar em um ouvido e sair pelo outro. Enquanto isso, os moradores dos conjuntos habitacionais sofrem, e aqueles que não ocuparam, mas que aguardam sua residência, ficam na incerteza, esperando saber quando essa novela terá fim.
Como diria Carlos Drummond de Andrade: “E agora, José?!”.
Editorial do Repórter Ceará