Milhões de reais destinados a ações assistenciais podem ter sido desviados das contas da Cruz Vermelha Brasileira por antigos gestores da organização humanitária. A constatação é fruto de uma auditoria feita por uma empresa de consultoria internacional contratada pelo conselho diretor da entidade. Os supostos desvios estão concentrados nas filiais do Ceará e Maranhão, além de Petrópolis, no Rio de Janeiro, entre 2010 e 2012. Em nota divulgada ontem (25), a Cruz Vermelha Brasileira revela que foram encontrados gastos sem comprovação e movimentações suspeitas da ordem de R$ 25 milhões.
“Foi uma auditoria complexa e minuciosa e, por isso mesmo, longa”, informa a diretoria da organização em comunicado divulgado na última quinta-feira. As irregularidades apontam para desvios de doações para as vítimas de conflitos e da seca na Somália, do tsunami no Japão, das enchentes na região serrana do Rio de Janeiro e para campanha de prevenção à dengue.
“Há comprovações de irregularidades e considera-se que alguns desses casos podem ser delitos, enquanto outros se configuram como faltas administrativas, menos graves, mas não menos passíveis de punição”, afirma a entidade. Entre as deficiências e irregularidades, estão a falta de controle interno e a ausência de documentos.
A Cruz Vermelha Brasileira garante que tomará as providências necessárias, inclusive judiciais, para reaver os recursos e destiná-los aos beneficiários. Além de entregar cópias do relatório final ao Ministério da Justiça, a diretoria da entidade promete acionar os ministérios Público Federal e estaduais para que adotem medidas judiciais.
“A responsabilidade de corrigir os problemas apontados na auditoria é da Cruz Vermelha Brasileira, que adotará os procedimentos judiciais e administrativos para punir quem deu causa às irregularidades e ilegalidades. Nos casos em que a auditoria não é conclusiva, a entidade realizará investigações internas e, quando cabível, apresentará denúncia à Justiça, além de entregar o relatório da auditoria às autoridades competentes”, diz a diretoria.
Além de apontar o suposto desvio financeiro, a consultoria contratada apresentou um plano de recuperação das contas da entidade – que confirmou que vai colocar em prática todas as recomendações do relatório. A Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), à qual a organização brasileira é filiada, determinou que uma comissão acompanhe a implementação das recomendações. (Fonte: Jornal Diário do Nordeste)